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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Homenagem peniana

Caro amigo,Já passámos muito juntos… O estranho primeiro encontro foi marcado por acções de descoberta mútua, o toque inicial não escapa a um reviver constante daquela sensação de pertença, saber que fazes parte de mim e que me compreendes como ninguém, preenche um espaço que a maior parte das pessoas tem por vazio.As aventuras foram mais que muitas e agora que nos unimos em prol da segurança emocional que tanto buscámos e que, finalmente, nos foi apresentada num gesto de bondade divina, a sua criação não desmerece o título, muito pelo contrário, justifica-o. A ti, de quem falo e a quem amo, a minha profunda admiração. As saudades de um passado tumultuoso, repleto de histórias partilhadas pela irresponsabilidade, pelo gosto de viver, de sentir tudo ao mesmo tempo como quem vive num fôlego só, não o são. Antes andávamos sempre unidos pela mão, na rua fazias questão de te mostrar, mesmo nas ocasiões menos próprias, bastava uma pequena distracção e tu ficavas logo ali, atento como cão de fila à espera de um deslize, mordeste algumas vezes e tiveste a sorte de seres bem ensinado para, hoje em dia, manteres essa postura firme que tanto gostamos. É certo que tivemos os nossos devaneios, em alturas de maior afluxo sanguíneo a prevenção ficava aquém do desejado, pela sorte e destino foste protegido. És um verdadeiro amigo, espero poder contar contigo para o resto da vida, que parece estar sempre no auge, também graças a ti fui descoberto e descobri o amor, mantenho a paixão de viver como na primeira vez muitas vezes. Esta é a tua homenagem, obrigado…

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Dias.

Desenho-me pelas palavras que não encontro, escondidas sob um manto de inércia. Observo a mão que descansa no papel, a caneta entrelaçada nos dedos desafia a mente…os movimentos surgem vagarosamente despejando ideias num chorrilho emaranhado de frases que, sem significado ao outro, projectam a imagem holográfica de um reflexo que não me pertence ou quem não gosto de ser.Acordo com uma sensação de agrado… estou vivo. A custo os braços levantam o calor do corpo e obrigam as pernas a mexer, puxam um trabalhar obrigado e arrastado para o inicio do dia…Funciono numa pequena parte de mim, mas funciono. Pelo sorriso e alegria em respirar-te, reconheço o bom de te ser amado. Mergulho em nós e encontro-me nas lembranças revividas, és presente como nunca e para sempre…Esqueço a necessidade de escrever fugido da realidade, esta que agora te amo, porque tudo apenas existe, percebes? Estou certo que somos e seremos além das fronteiras impostas pelo biologicamente aceite. A magia que irradias, tu que te inspiras em nós…alimentam-te os momentos apaixonados, olhares, gestos, beijos trocados, cumplicidades de quem te tem, revelas-te totalmente apenas numa palavra que, como sinónimo, te preenche… Amor felicidade

domingo, 26 de dezembro de 2010

Palhaçada

Sentado em frente ao computador penso num personagem... não me preocupa o vestuário, pois a indumentária já está definida há algum tempo, mas o preenchimento que irei dar a tal figura, a melhor forma de conjugar o fato com a mensagem que pretendo transmitir… O palhaço poderá ter muitas vertentes, a dificuldade está na forma que melhor servirá o meu objectivo. Jamais cederia à tentação de fazer algo corriqueiro, a palhaçada só tem piada quando descontextualizada, situações naturalmente hilariantes não me seduzem.A dicotomia fantasia/realidade ou palhaço/homem parece mais interessante do ponto de vista menos explorado, vou vestir a personagem por inteiro e transformar o Filipe no palhaço ou vice-versa.Começo por vestir umas calças enormes e uma cabeleira extremamente colorida, à falta de sapatos e nariz próprios do imitado, fico com os que recebi naturalmente e que são já de si bastante generosos (calço o 43 e o nariz condiz com a personalidade).Sou palhaço. És um palhaço. Somos palhaços.Ao longo desta minha, ainda curta, caminhada senti a existência de várias dimensões que escapam ao comum dos mortais. Facilmente acessível, porque todos temos a capacidade de reflectir sobre o que observamos e sentimos, passa ao lado dos que se deixam corromper pela responsabilidade, mais grave, pelo comodismo.O palhaço insere-se nesta trama enquanto mascara, mais uma das imensas que usamos no nosso universo de relações. O nosso verdadeiro existir, a essência do ‘eu’ que receamos e que desconhecemos, fica camuflada no platonismo dos nossos objectivos, somos apenas humanos… Os sonhos são esmagados pela rotina do transito matinal, deixamos de acreditar em fadas e o João-pestana hiberna na indiferença. Quem não se recorda da felicidade enquanto criança.Sorrimos, sorris, sorrio. 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Eu

Sou um adulto meio crescido. Serei meio adulto? Uma criança grande? Acho que estou a viver uma adolescência tardia, tão tardia que demora… Ameaça mesmo perdurar para o resto da minha vida. Confesso que é um plano de longa data, descobri o segredo da eterna juventude (rói-te de inveja Godinho), esta sensação permanente de boa disposição, com sorriso a tira colo…
A responsabilidade assalta-me como uma necessidade mas com prioridades bem definidas, encaro a realidade com um crivo muito selectivo, aprendi, a custo, a deixar o cinzentismo sisudo dos super-valorizados problemas, a maior parte das vezes dos outros, nas telas dos impressionáveis. Sou um céu livre, completamente azul, ao fundo -podes ver- o Sol lança raios de felicidade que tornam a vida tão simples… Ouço, em coro, as vozes dos eucaliptos que cantam ao vento… Quem me dera poder traduzir o que dizem, queria a magia de perceber tudo e todos, imagino uma dança gigantesca de sons, histórias e letras de outros tempos que foram outrora agora e que relembram, ao tempo, o ciclo da vida. Acredito que sou para sempre, jamais perderei a minha existência por mero capricho do que tem de ser, nunca tenho de ser…
Olho para a existência como ela merece… o brilho das estrelas numa noite sem luz artificial, a beleza da Lua cheia num Universo morto, o calor e o crepitar de uma fogueira de Inverno, o cheiro a terra numa chuvada de verão e as gotas frias de pequenas partes do céu que me acordam o corpo num arrepiante grito de vontade…sinto tudo porque me acordaste…

domingo, 19 de dezembro de 2010

Tudo o que faço é sentir.

Bate forte, quase salta do peito a vontade de explodir numa declaração tão clara e inequívoca que se espalha pelo Universo como um vento mágico… Anuncio ao mundo o sentimento de liberdade total do meu coração domado, sou apaixonado.
            Amo porque aconteceu, assim como quem jamais procurou pela felicidade, da escuridão surge o caminho, só meu, a grandiosidade não se pode limitar ao egoísmo de um amar de sentido único. Sim aos impulsos que nos fazem lançar um no outro porque vivemos o agora para o depois, somos dois na certeza de apenas um.
            Percorro o cabelo, sinto o teu sentir, passo a mão no rosto que já faz parte de mim num encaixe tão perfeito que deixa ler segredos… Passam a ser nossos os momentos de recordar felicidade, a cada beijo, sempre doce, molhado, suave realiza o sonho. Troca de olhares envergonhados, toque leve, húmido, palavras timidamente atrevidas, menos longe…perto…juntos não podemos fugir à união marcada no tempo, a história conta-se agora.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Para sempre

Sinto que ambos esperávamos, receosos...Sei o que quero e dizê-lo torna-se tão difícil, porquê? Estes dogmas que nos perseguem e impedem o coração de gritar bem alto a certeza que nos invade. Olhar nos teus olhos confirma a vontade mutua de explodir numa única palavra que 'per si' engloba tudo o que estamos a viver. Amar-te é respirar todos os dias uma vontade nova, sorrir sem razão aparente, andar pelas nuvens como quem se alimenta de sonhos...Tocar-te desperta-me todos os sentidos...percorre-me o corpo um arrepio como quem acabas de me acariciar a nuca com um beijo revelador de intenções. Encaixamos tão bem que temos consciência do ruir de todas as crises de existencialismo, finalmente sei que sou porque tu existes...

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Agora nós.

Canto a alegria do renascer não anunciado...como o cheirar do perfume de uma rosa vermelha regada pelo amanhecer verde da Primavera. Lavar a alma com as lagrimas que percorrem o rosto e que acabam num belo, radiante e sentido sorriso. As cores dançam com os cheiros e os sabores num desalinhar, estranhamente, organizado...Tremer...Sentir...AMAR.
Traduzir a imensidão que me invadiste, abraçar-te, gostar-te, doer-te...na despedida, por um mero instante, senti a tua perda como um golpe profundo que jamais quero ver desferido. Sou para ti e porque nós existimos...
Beijo escondido, troca de olhares e mimos apenas compreendido a dois, partimos para um Mundo só nosso, onde as emoções reinam e a realidade se submete aos seus caprichos...Sei que te quero como te amo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Viver.

Tudo o que faço é sentir.
            Bate forte, quase salta do peito a vontade de explodir numa declaração tão clara e inequívoca que se espalha pelo Universo como um vento mágico… Anuncio ao mundo o sentimento de liberdade total do meu coração domado, sou apaixonado.
            Amo porque aconteceu, assim como quem jamais procurou pela felicidade, da escuridão surge o caminho, só meu, a grandiosidade não se pode limitar ao egoísmo de um amar de sentido único. Sim aos impulsos que nos fazem lançar um no outro porque vivemos o agora para o depois, somos dois na certeza de apenas um.
            Percorro o cabelo, sinto o teu sentir, passo a mão no rosto que já faz parte de mim num encaixe tão perfeito que deixa ler segredos… Passam a ser nossos os momentos de recordar felicidade, a cada beijo, sempre doce, molhado, suave realiza o sonho. Troca de olhares envergonhados, toque leve, húmido, palavras timidamente atrevidas, menos longe…perto…juntos não podemos fugir à união marcada no tempo, a história conta-se agora.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

E depois do trabalho.

As horas passam e as rotinas continuam as mesmas, dias que dão em semanas, meses em anos…quando nos perguntam quem somos, a resposta acaba sempre onde começa o ponto do relógio, confundimo-nos com o que fazemos, afinal seremos o que fazemos?
Avalio pormenorizadamente cada segundo, consigo perceber que não me sinto definido. Não sou o que faço…
A inquietude permanece.
Para a maioria dos outros a resposta fácil serve, e eu? Terei de procurar profundamente até encontrar a forma mais radical do “eu” que ainda não encontrei.
Quem és tu?
Nasci a doze de Junho de mil novecentos e setenta e nove, a horas que desconheço, a minha mãe diz-me, como aos outros seis, que foi por volta das quinze horas, giro como resolve facilmente a questão, afinal fui o último de sete partos, com os meus um metro e oitenta e seis centímetros sou o mais alto da família, tenho cabelo preto, olhos castanhos e o nariz grande (sinal de inteligência), peso, entre varias alternâncias, mais do que devia, mas os cerca de noventa e cinco quilos não me fazem ocupar mais espaço à vista, casado e feliz, partilho a casa com uma cadela, um gato, uma gata e neste momento estou sentado no sofá com auscultadores nos ouvidos a ouvir musica e a escrever este texto, a meu lado está a minha -que é muito ela - mulher que lê um livro, os gatos e a cadela deitados ao calor da lareira. Definir-me é no fundo descrever o que me rodeia. Através dos gostam de mim olho no mais indiscreto espelho do mundo…espelho meu não me escondas e responde, afinal quem sou eu?