Páginas

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Dez dedos...

...barulho incomodativo que se ouve ao fundo do corredor, parece que se aproxima cada vez mais, como um cavalo relinchando à medida que, a trote, chega mais perto e mais perto, apetece-me fugir, enfiar a cabeça de baixo dos lençóis e partir para uma aventura de olhos fechados, mas, infelizmente, está na hora, pois é, o despertador não se cala e a obrigação de um dia cheio de trabalho agarra-me na perna esquerda depois na direita, coloca os pés no chão, puxa os braços cansados que a muito custo arrastam o tronco tipo carcaça velha, os olhos permanecem fechados colados pela remela matinal de um dorminhoco armado em preguiçoso. Em câmara lenta, calço os chinelos (ao contrário) e caminho para o WC...HMMMMMMMMM...espectáculo, mas que bom...poucas coisas (é certo que as há e incomparávelmente mais apetecíveis)serão tão satisfatórias como um belo esvaziar de bexiga pela manhã, logo seguido por um roncar de alvorada do tubo de escape da máquina, há coisas que todos fazemos, não vale a pena negar, nem esconder-se atrás de falsos moralismos ou pregões de "Sumissimos" das regras impostas por uma sociedade Castelo de Cartas.
Depois de um merecido duche, onde afogo todas as esperanças de umas horas bem passadas a contar ovelhas (não gosto de carneiros), visto o fato especial dou um belo beijo na mulher e parto, a pé, para o apeadeiro. A Ténia de metal atrasa como sempre, mas até que se compreende, dado que a linha não permite altas velocidades...depois de entrar sento-me na ultima carruagem agarrado a um livro de bolso, este acto não se limita ao purismo de um apaixonado pela leitura,mas também à arte antiga de fintar o revisor. A viagem decorre sem sobressaltos nem conversas, pois essas são apenas alheias e filhas de anos de vizinhança de assento, chegado ao fim da linha deslizo entre cotovelos e suores channel, saio a caminho dos 800m que me separam da segunda residência...cheguei assim todos os dias.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Trabalho...


Todos os dias acordo mais ou menos quando abro os olhos (isto nem sempre é assim tão absoluto), já acordar de olho fechado é uma tarefa destinada aqueles, alguns, que nasceram para ver o Mundo que os rodeia apenas para deixar que a vida passe, como se dentro de uma longa metragem rasca com dobragens em Português Brasileiro feitas pelo Sr Presidente Lula e pela digníssima Maitê...Porquê? pergunto eu. País de renovadas esperanças, depois de um Camões, através de um Eça e que peça, atravessando os tempos de Pessoa, que deveria ter o nome em plural pois que tal seria a capacidade deste em multiplicar-se em outros tantos, depois destes artistas génios da palavra e de aventura eis que surgem os novos heróis, exemplos de cidadão...quem diria que dar uns chutos na bola alguma vez faria alguém famoso, desde os tempos dos Politeístas que a divindade de um verdadeiro atleta não seria tão reconhecida, corpo esculpido no ginásio de luxo, construído a custo pelo emigrante escravo com curso superior que se escapa do pais onde era Doutor para cair na alegria de um dinheirinho ao fim do dia. A suor e lágrimas vemos o verde e vermelho na camisola de onze bravos guerreiros, como quem carrega o estandarte de Portugal há que honrar o Zé parvinho com murros e chapadas e outras tantas argoladas como se fossem gastar milhões em arenas cheias de moscas a rezar novenas pelo bem nacional. Este é o meu país, um que nunca quis, ganhei-o sem saber numa lotaria roubada onde o valor da cautela era muito menor que o prémio daquele que é mais que muitos Sr Gestor, politico de portugal.

domingo, 18 de abril de 2010

Em Casa...


Cá estamos...

Em casa, sozinho, ouço apenas os pequenos pássaros a cantar, esse som vindo doutras historias faz-me viajar... como por uma porta mágica recuo à minha inocência, que de um certo modo não deixou de existir, apenas está adormecida num recanto qualquer dentro de quem sou. É verdade ela aparece, fico muitas vezes estupidamente surpreendido, como se já não soubesse quem sou, com as sensações provocadas por aquele momento menos calculado, apenas possível pela distracção de um sonhador incauto.
Está na hora de acordar, ecoa o trovão como se me desse um choque poderoso...
Noutras alturas, a minha vida era feita de sonhos, passava a vida a viajar, a navegar pelos oceanos da mente, e como mentem os nossos sonhos...vale a pena acreditar. Nem que seja por um mero instante conseguimos sentir a felicidade, como se ela respirasse por nós, temos o mundo dentro da nossa mão, fechamos o punho como quem guarda um segredo precioso, escapam um pequenos raios de luz azul que deixam antever algo de extraordinariamente mágico, fechamos com mais força, apertamos bem, contrariados e sem capacidade para segurar toda aquela magia deixamos por fim sair entre dedos a realidade...a luz "acizentara-se", as nuvens pesadamente escuras impedem a entrada do sol, as pessoas andam de olhar caído, como se procurassem a dignidade, as cores partiram, já não há arco-íris, o verde secou tornou-se num castanho mórbido, o mar recolheu os seu imensos braços e parou as ondulações do seus bonitos cabelos...

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Olá!

Caros amigos, este projecto nasce de uma necessidade de trabalhar a minha mente...sinceramente, sinto um estranho entorpecer dos pensamentos, uma espécie de embrutecer gradual de quem sou...ou, era.
Caminho diariamente entre páginas de um livro que, outrora julgara sem sequer olhar ao génio de quem escreveu as palavras cegas daquele ensaio que, no fundo, acaba por ser só dele, e é verdade que todos os que foram grandes são muito maiores, pois o que fica por mostrar é uma imensidão encoberta pela ponta do iceberg que todos vemos e queremos tocar para nos sentirmos, de alguma forma, mais perto da tão ambicionada genialidade.