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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Nós todos...

A vida de todos acaba por ser marcada por objectivos semi-escondidos atrás de um arrastar contínuo e longo de desculpas esfarrapadas para não levantar do sofá…maldito sofá…
Hoje está a ser mais um dia na minha vida, um objectivo há muito almejado que me faz, como outros, crescer.
Cresci a pensar como seria…a felicidade que tanto queremos teria um quartinho para mim na sua bela e espaçosa mansão? Até fazia apostas tipo euro-milhões, com as coisas mais estúpidas do mundo como acertar com um jacto poderoso (outra coisa não seria de esperar) de Xixi na sanita, sem respingar uma única gotinha sequer na borda do tampo, se conseguisse coisas boas aconteceriam. Obviamente que tive fingir que não via determinadas gotas. Como se fosse apenas uma questão de tamanho, afinal qual a quantidade de liquido necessária para ser considerado uma gota? E a partir de que ponto deixa de ser gota para ser uma porcaria? Muitas vezes tive que limpar à pressa o maldito tampo, chão, parede…maldita erecção matinal.
Bem mas já chega de falar na minha vida íntima, afinal coisas bem menos animadas me trazem até esta folha hoje.
A maioria das pessoas para, olha em redor, observam a senhora idosa que acabou de tropeçar e cair no chão o que vêem? A Srª Maria raspou os joelhos que mostram umas pequenas lágrimas de sangue a descer lentamente pela perna, alguém se aproxima da mulher e lhe oferece um braço de força, para se levantar coloca a carteira no chão e usa ambas as mãos, nem um segundo depois levanta a cabeça e agradece o gesto, ao debruçar-se para tentar resgatar o saco abençoado com o subsidio social de reforma repara que ele está na mão do anjo (?) que a ajuda… homem com barba de três meses, camisa à lenhador por cima de umas calças de ganga muito remendadas, cabelo todo no ar como se viajasse com a cabeça de fora num carro em alta velocidade em plena época de tempestades tropicais, nariz perfurado por uma argola que se pendura como se os macacos pudessem sair para brincar, os olhos estão tapados por uns óculos vermelho sangue com lentes espelhadas, as tatuagens de um dragão cuspindo fogo abraçam os membros superiores como se fósforos fossem, o personagem tira o cigarro da boca cospe a pastilha gorila e oraliza.

- Cara senhora, muito boa tarde. Magoou-se? Aqui tem a sua carteira. Quer que chame alguém para a ajudar?


P.S. escusado será dizer que apesar de todos os esforços da equipa INEM no local a Sra. faleceu de ataque cardíaco.

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