Piso o frio gelado deste chão mapeado, a cada passo estranho o sentir a ausência de protecção, completamente despido de aparências, frágil e confiante, cabeça erguida, peito cheio, ombros para trás e o olhar perdido no horizonte.
A distância percorrida é delimitada por um muro de experiencias vividas que me impede de regressar, aos ombros as pessoas, os lugares e os momentos, sorrisos e lágrimas, gargalhadas e gritos, carícias e palmadas, beijos e pontapés, entro dentro de mim, percorro cada pormenor que me define, visito o núcleo pulsante da minha essência, fico sentado a ouvir cada pancada, vibro com as mudanças de ritmo, ouso uma aproximação tacteante, as mãos percorrem-me…o gesto faz-me balouçar num movimento absolutamente inebriante, como quem dança a musica do universo…abraço aquele músculo com tanta força que quase pára. Saio cambaleante, pelos caminhos de mim entro na cabeça…a velocidade das imagens é tão intensa que, aliada às explosões de luz, me fazem desligar o olhar, nesse exacto momento sou percorrido por um relampejar constante de memórias passadas, presentes e projecções do futuro de forma tão avassaladora que me faz desaparecer em mim…