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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Viver...

Todos nós recordamos através de determinado perfume, musica, paisagem… coisas que, como uma poderosa máquina do tempo, nos Teletransportam para a felicidade de um momento.

Fecho os olhos e sinto o cheiro a café, na varanda da casa dos meus pais, era uma tarde quente recentemente baptizada por uma chuvada de verão, os meus dez anos faziam-me jogar à bola sempre, em qualquer lado…



Reclama a minha mãe com a quantidade de buracos nas sapatilhas recém compradas na feira.

O último de sete irmãos, mais pequeno e mimado de todos, a diferença de idade para os mais velhos, lançou-me num corrupio de encarregados de educação, e naquele tempo tínhamos a famosa “estalomotivação” que raramente funcionava. Confesso que até me comportava razoavelmente bem, os terrores da minha geração não me influenciaram, na escola apenas fui expulso uma única vez e já no secundário por algo que nem fui eu que fiz…

Os meus pais passaram por bastantes dificuldades, com tanta boca esfomeada era raro o pão e a sardinha, recordo apenas as palavras dos mais velhos que descreviam uma existência pobre, marcada pela fome, roupa maltrapilha, sapatos rotos…

O meu pai trabalhava na construção civil, andava sempre por fora e só vinha a casa ao fim-de-semana cheio de saudades da minha mãe (os métodos contraceptivos na altura eram caros), perdiam-se na conversa e passado nove meses lá vinha mais um, fui o último porque finalmente acertaram.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Notas…


Impressiona o quanto a música pode e influencia a minha vida. Entre várias incapacidades a de não saber tocar nenhum instrumento é das que me deixa mais triste…
Sempre fui alguém que acredita, sonha e faz sonhar, amo a criatividade, as curvas da mente…
Há momentos em que nada acontece…simplesmente não estou para ai virado e não, não estamos a falar de sexo. Horas em que o comodismo ganha e a imaginação cede à preguiça, as palavras não me seduzem, olho para as letras gastas do teclado e não falam comigo, aquele massajar de neurónios não me excita…tenho dias assim…

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Momentos nossos…


Saem as palavras a enorme custo, marcadas pela tristeza que só nós conhecemos. A dor foi imensa, mas a magia que nos une transformou a perda em esperança, cada lágrima num abraço forte, maior do que tudo.

Esperámos ansiosamente pelo instante em que finalmente iríamos confirmar o fruto da nossa união, ambos sentíamos que algo poderia não estar bem e defendemo-nos até ao último segundo. Infelizmente confirmaram-se os nossos piores receios, aquele momento em que vês o ar excessivamente profissional do médico, movimentos quase mecânicos, a inexistência de palavras sorriso…quando ele diz… enfim…pouco interessa o que se diz, já tínhamos percebido, escondemos a nossa troca de olhares, os castelos ruiram, fiquei sem reacção e centrei-me em ti meu amor, mais do que em mim pensei em nós, precisávamos sair dali o quanto antes, fugir e lamber as nossas feridas…não queria fazer nem ver-te chorar, mas sentia que isso seria bom para nós, fizemos o nosso luto num abraço mudo, trocamos beijos lindos lavados pelas lágrimas desta, que é apenas nossa, dor. 

Adeus sonho que partis-te, amei-te com tudo o que sou, fizeste e vais fazer sempre parte de nós, quero-te feliz onde Deus te levar….
Olho em frente, seco o teu e o meu rosto e juntos voltaremos a sonhar.